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Repercussões musculoesqueléticas da Covid-19, por Hilana Rickli Fiuza Martins

Por que as pessoas que tiveram COVID apresentam queixas de dor e fraqueza muscular mesmo após terem sido curadas da infecção?

Por: Poliana Kovalyk

- 30/04/2021 09h20

Primariamente uma doença respiratória, a COVID-19 pode se manifestar de várias maneiras, variando da forma assintomática a sintomas leves de infecção do trato respiratório superior e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). A gravidade da COVID-19 pode ser categorizada em 3 grupos com base na severidade da infecção inicial. A COVID-19 leve, que, junto com a COVID-19 assintomática, compreende a maioria dos casos, é caracterizada por sintomas como febre, falta de ar, desconforto gastrointestinal, mal-estar, dores de cabeça e perda de paladar e olfato. Na COVID-19 grave, os pacientes necessitam de hospitalização para tratamento dos problemas respiratórios e os pacientes críticos são aqueles pacientes gravemente enfermos que apresentam insuficiência respiratória e que necessitam do suporte da ventilação mecânica. 

O que se sabe é que o vírus pode infectar também células fora do trato respiratório, e que a própria resposta inflamatória nas vias aéreas também pode levar à inflamação sistêmica que pode afetar quase todos os sistemas orgânicos, incluindo o sistema musculoesquelético. Isso sugere que a infecção leva a déficits tanto na força quanto na resistência muscular, provavelmente devido aos efeitos pró-inflamatórios da infecção viral e devido ao descondicionamento que ocorre durante o período de convalescença.

Mialgias e fraqueza generalizada foram relatados em estudos, ocorrendo em um quarto a metade dos pacientes sintomáticos com COVID-19. Sintomas neurológicos que afetam o controle motor e a função muscular também foram relatados em 36% dos pacientes em um estudo realizado com 214 pacientes com COVID-19 e que foram hospitalizados.

Outro estudo relatou que foram encontrados sinais como edema, necrose, atrofia muscular, sinais de espessamento de nervos, mudanças de tecido conjuntivo, efusões articulares, erosões em articulação, sinovite e hiperemia articular em pacientes diagnosticados com a COVID-19. Portanto, estudos demonstram que existem evidências anatomopatológicas de que a infecção pelo vírus SARS-COV-2 afeta o sistema musculoesquelético, o que inclui músculo, articulações e ossos. Assim, além das repercussões respiratórias, pacientes com COVID-19 podem apresentar comprometimento musculoesquelético o que explica queixas de dor, fraqueza e cansaço mesmo após terem sido curadas da infecção. 

 

Fontes

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